A colaboração do Coritiba na democratização do Paraná: nos primórdios do futebol paranaense, o Coxa ajudou no fortalecimento estadual, segundo análise registrada na edição nº 1 da Revista Cori 70.
A Revista Cori 70 foi uma publicação da Gazeta de Notícias, situada no Rio de Janeiro. Os textos eram de responsabilidade do renomado jornalista Luiz Geraldo Mazza, que também membro da Academia Paranaense de Letras.
A publicação contava com um acervo fotográfico composto por imagens de profissionais respeitados na área, com nomes de peso como, por exemplo, Annibal Requião, João Batista Groff e Arthur Wischral. Além deles, na mesma medida, Leo Linzmayer e Lange também contribuíram com o acervo fotográfico. Da mesma forma, Couto Pereira e Arno Iwersen, dois relevantes nomes à história de Curitiba também colaboraram na revista. A coordenação e recuperação das fotos coube a Cid Destefani.
A colaboração do Coritiba na democratização do Paraná
Na primeira edição da revista é encontrado o registro sobre os primeiros anos do futebol paranaense. Evidentemente, o Coritiba Foot Ball Club participou destes primórdios. Nesse sentido, no texto há um destaque sobre a participação de pessoas de várias origens étnicas diferentes entre os mais de cento e cinquenta fundadores do Coxa.
Nesse sentido, esse multifacetado grupo de fundadores do Coritiba, organizados em um time de futebol, agiu de forma democratizante e integradora no cenário paranaense.
O texto indica que “O futebol se uniria a outras fôrças e fatores”. Entre tais fatores, primeiramente as migrações internas. Além delas, as mudanças econômicas e, por fim, a mobilidade social.
Dessa maneira, a combinação desses fatores descaracteriza a hipótese de que o grupo de fundadores do Alviverde seria um “grupo fechado em tôrno de identidades culturais ou étnicas”. No Coxa, apesar da relação de vários fundadores também com o Teuto, o Clube “foi sempre elemento de vanguarda”, como destacava o texto da revista.
Um pouco mais sobre os fundadores do Coritiba: desportistas
Uma parceria inédita entre dois grupos de pesquisadores sobre o Coritiba Foot Ball Club está permitindo avanços na identificação de dados e informações sobre as pessoas que fundaram o Clube do Alto a Glória. Em 2025, desde a primeira quinzena de março, integrantes da Comissão de Preservação da Memória e da História do Coritiba Foot Ball Club e do grupo Helênicos estão se aprofundando em uma pesquisa sobre os mais de cento e cinquenta fundadores do Alviverde.
Se por um lado, havia um núcleo pessoas que praticavam esportes como futebol, ginástica ou ciclismo e que fundaram o Verdão, por outro havia pessoas de mais idade, com ligações ao comércio, serviço e indústria local. Entre eles, muitos com ligação direta à Associação Curytibana dos Empregados do Commercio (a associação também realizava competições de ciclismo no início do século XX, antes da fundação do Alviverde).
O ciclismo e os fundadores do Cori
Há registro jornalístico sobre a participação de diversos participantes de competições ciclísticas e que em 1909 viriam a fundar o Coritiba Foot Ball Club.
Entre os desportistas, alguns, participantes do Teuto Brasileiro, outros do Radfahrer Club de Curitiba, que foi o primeiro grupo de ciclismo em Curitiba, cujo uniforme era camisa de meia, paletó preto, boné e calção preto (Diario da Tarde, Ano 1903\Edição 01176, 12/01/1903).
A relação entre pessoas de diversas instituições, em eventos de ciclismo, ganhava força em 1906. Tanto que, no Teuto, “Na presença de 13 membros” (…), “O diretor esportivo, Sr. Hans Meister, comunicou que os atletas receberam convite da Associação Curitybana dos Empregados do Comércio para participar da competição de ciclismo [da qual Obladen já havia comentado em reuniões anteriores (Ata da Assembleia Mensal Ordinária de 7 de Junho de 1906)]” (Ata da Reunião do Conselho Esportivo do Teuto Brasileiro, de 6 de Dezembro de 1906).
Em uma das provas de ciclismo, aquele que seria o capitão do time d’Os Coritibanos que jogou em Ponta Grossa em 24/10/1909, Alfredo Rodolfo Labsch, integrava o Radfahrer. No ano de 1903, Labsch participaria daquela prova (Diario da Tarde, Ano 1903\Edição 01386A, 19/09/1903), vencendo os 22 quilômetros em 2 horas e 41 minutos (Diario da Tarde, Ano 1903\Edição 01386B, 21/09/1903).
Entre os fundadores do Coritiba, comerciantes, industriais e prestadores de serviços
Vindos de áreas relevantes à economia local, entre os fundadores do Cori, existiram representantes dos segmentos do comércio curitibano, bem como das indústrias e também da prestação de serviços na capital do Paraná:
Pessoas de sete nacionalidades diferentes fundaram o Coritiba
Um outro fator merece destaque quando se estuda a história da fundação do Coritiba Foot Ball Club: entre os fundadores, pessoas que nasceram em sete países diferentes. Entre as nacionalidades dos fundadores, foram encontrados brasileiros e trinta pessoas que não nasceram no Brasil. Eram alemães, assim como argentinos, austríacos e italianos. Além deles, russos e, da mesma maneira, suecos.
Por sua vez, entre os brasileiros com naturalidade já identificada, além de paranaenses, havia pessoas que nasceram nos estados da Paraíba, do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e também de São Paulo.
Outra característica interessante no multifacetado grupo de fundadores do Coxa é a de que entre aqueles que nasceram no Brasil, há vários registros de pessoas com pais e mães que nasceram em outros países. Eram pessoas com descendência de países como a Polônia, Inglaterra e França, bem como Portugal e a Checoslováquia (atualmente, República Tcheca). Além desses países, brasileiros descendentes de familiares nascidos na Suíça vieram a fundar o Verdão.
Homens das mais diversas idades fundaram o Coxa
Juntamente com isso tudo, outro fator interessante, quando da análise dos dados dos fundadores é o fato de que havia pessoas bem jovens, com pessoas de mais idades no ano da fundação do Alviverde. A diversidade de idades é uma característica relacionada na fundação do Cori.
Nesse sentido, Otto Robert Hertel (nascido em 1853), Gustavo Marques Tupinamba (que nasceu em 1854) ou então Alfredo Hoffmann (cujo ano de nascimento foi 1859) tinham mais idade. Por sua vez, Lothario Boutin e Walter Hackenberg, por exemplo, eram bem mais jovens do que os citados. Isso porque ambos nasceram em 1894. Assim sendo, tinham 15 anos quando ocorreu a fundação coritibana.
A importância das mulheres nos primórdios do Coritiba
Primordialmente, é necessário esclarecer a grande importância da participação das mulheres poucos meses depois da fundação do Clube. Já em 1910, há registros jornalísticos de que “a presença de senhoritas, que inauguraram o campo de jogo no Jockey” (A Republica, 14/06/1910). Além disso, “A inauguração do campo foi feita por uma commissão de moças, composta das senhoritas Elly Franck, Martha Koch, Margarida Hey e Adelaide Glaser, as quaes, içaram no mastro central o pavilhão verde branco do Coritiba-Foot Bal Club, tocando por essa ocasião o hymno social [1]” (Diário da Tarde, 13/06/1910; Der Kompass, 15/06/1910).
Da mesma forma, quando o assunto é a participação feminina no Coritiba, um interessante registro jornalístico chamava a atenção em 1910, um ano depois da fundação do Clube. Isso porque o Diario da Tarde noticiava que o Coritiba pensava em organizar um time de futebol feminino (Diario da Tarde, Ano 1910\Edição 03592, 02/09/1910).
Na sequência, em 1920, mais precisamente no dia 18 de outubro daquele ano, viria a surgir o Gremio Coritiba, uma associação de torcedoras do Coxa. Durante décadas, aquele grupo de mulheres promoveu inúmeros eventos para apoiar o Clube e a causa coritibana.
A primeira diretoria do Gremio Coritiba era composta por: Juanita Leechaud (presidente); Frida Hey (Vice-presidente); Hilda Kruger (1ª secretária); Ilze Baumgarten (2ª secretária); Elizie Burmester (1ª tesoureira); Ines Senff (2ª tesoureira); Mercedes Muricy (oradora) (Diario da Tarde, Ano 1945\Edição 15908, 16/11/1945).
Em 15/08/1921 ocorreu uma partida de futebol em Curitiba com a presença da seleção de São Paulo. Antes da partida, as senhoritas do Gremio Coritiba participaram das solenidades que antecederam ao início do jogo. Ao final, o vencedor foi o Coritiba, por 1×0.
O impacto do Coritiba na democratização do Paraná
Sob esses pontos de vista, a matéria da Cori 70 acaba por ressaltar o impacto na colaboração do Coritiba à democratização do Paraná. Finalizando, a colaboração do Coritiba na democratização do Paraná quanto a caracterização de uma instituição que não era exclusiva da comunidade germânica. Nem mesmo, com limitações de identidades culturais ou então, étnicas.
Principalmente, no caso do Coritiba Foot Ball Club, com os dados já encontrados pelos fundadores do Cori, o Clube estava aberto para pessoas que queriam praticar futebol, bem como aqueles que não pretendiam jogar futebol. Da mesma forma, homens mais jovens, assim como homens adultos ou até mesmo de maior idade. O fator étnico, como naturalidade ou então nacionalidade da mesma forma não foram limitantes para a adesão ao Coxa. Haviam brasileiros natos, naturalizados e estrangeiros. Descendentes diretos de outras etnias também.
Se por um lado, as mulheres não participaram da fundação do Clube, meses depois do acontecimento, elas já estavam atuando diretamente na colaboração com o crescimento do Coritiba. A vinculação do público feminino, desde então, é uma característica institucional com impacto no Alto da Glória.
Logo, o Coritiba Foot Ball Club desde sua fundação já era uma instituição aberta a uma participação maior de pessoas, um espaço com uma abertura participativa em Curitiba, tanto por cidadãos que nasceram na capital paranaense, assim como para pessoas que nasceram em outras cidades e vieram viver em Curitiba.
Diretoria do Alviverde propôs o tombamento do Acervo do Coritiba
Em 21/08/2025, a diretoria do time Coxa-Branca formalizou o pedido de tombamento do Acervo do Clube, de forma a dar melhores condições de guarda, tanto quanto ampliar o acesso público aos itens. O pedido foi realizado por meio do Processo Administrativo Eletrônico nº 01-212074/2025, que será analisado e deliberado junto ao Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Curitiba (CMPC).
Em Curitiba, existe uma legislação local específica para o tombamento de itens de relevância histórica para o Município. Esse é um tema regulamentado pelo Decreto nº 360, de 29/03/2019. A referida legislação conceitua o que é o Tombamento: “ato administrativo que declara a singularidade e excepcionalidade de um bem considerado individualmente ou em conjunto, seja móvel ou imóvel, público ou privado, pertencente à pessoa física ou jurídica”.
Além disso, essa ação está relacionada “em razão do seu valor cultural, histórico, paisagístico, científico, artístico, turístico, arquitetônico ou ambiental, com instituição de um regime jurídico especial de propriedade como forma a garantir sua preservação e conservação”.
As pesquisas continuam e mais pessoas podem doar cópias digitais de seus acervos para o Coritiba
As pesquisas sobre a história do Coxa seguem com os trabalhos da Comissão de Preservação da Memória e da História do Coritiba Foot Ball Club. Primordialmente, quando o assunto são os fundadores do Verdão, a pesquisa é realizada conjuntamente com o grupo de historiadores Helênicos, estudiosos da história coritibana.
Da mesma forma, atividades vêm sendo realizadas pelo grupo de pesquisa e extensão a partir do núcleo de ciências jurídicas. Entretanto, este grupo recebe alunos de outras áreas da UFPR.
Por se tratar de uma pesquisa de grande amplitude e dificuldades no acesso de fontes primárias, atualizações dos bancos de dados são sempre bem-vindas e recomendadas, de forma aprimorar a metodologia de trabalhos.
Logo, é importante destacar que eventuais imprecisões podem ocorrer, sendo um problema da pesquisa. Por isso mesmo é tão importante que se disponibilizem novas fontes documentais.
Portanto, familiares dos fundadores do Coritiba Foot Ball Club que tenham interesse em doar cópias digitais de itens relacionados aos fundadores podem entrar em contato com a direção do Clube clicando aqui.
Verdão tem uma parceria técnica com a UFPR para melhor cuidar da história do Clube
Em uma parceria entre o Coritiba e a UFPR, o acervo histórico do Verdão também é cuidado por acadêmicos de graduação, bem como de pós-graduação. Nesse sentido, são pessoas com interesse em pesquisar mais a história do Clube e sua relação direta com a cidade de Curitiba.
O grupo de pesquisa e extensão foi formado a partir do núcleo do Setor de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Paraná. O grupo conta com alunas e alunos também de outras áreas da UFPR, como da História, Ciências Sociais e Educação Física. A equipe iniciou os trabalhos acadêmicos no acervo histórico do Coxa em 02/07/2025.
O professor Luís Fernando Lopes Pereira é o líder do grupo de pesquisa. Ele conta com a colaboração de outro docente da Universidade, o professor de Sociologia na Faculdade de Direito, Rodrigo Horochowski, que também acompanha as atividades de pesquisa científica do grupo. Entre os achados do grupo, borderôs e relatórios financeiros de todos os jogos do Coritiba no Torneio do Povo.
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As principais responsabilidades da diretoria do Coritiba Foot Ball Club, como Associação, estão vinculadas à fiscalização do contrato de compra e venda da SAF. Nesse sentido, são obrigações diretivas:
– Principalmente, acompanhar o cumprimento do pagamento das dívidas, em especial das parcelas da recuperação judicial da Associação;
– Da mesma forma, o cumprimento dos aportes financeiros anuais na gestão do Clube (futebol e atividades de apoio);
– Além disso, a gestão patrimonial. Inclusive quanto a manutenção e investimentos no CT Bayard Osna, no novo CT, tanto quanto no Estádio Major Antônio Couto Pereira;
– Bem como, os cuidados com a preservação histórica.
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Se você encontrou algum erro nesta matéria, por favor, entre em contato. Além disso, o Coritiba Foot Ball Club preza pelos créditos merecidos, então nos avise sobre eles.
