Curiosidades sobre o primeiro time Campeão do Coritiba: em 1916 o time Coxa venceria seu primeiro título, no início da hegemonia paranaense. Confira este especial sobre o primeiro título estadual do Alviverde no Blog do Couto e saiba mais sobre os primórdios do time do Alto da Glória.
A primeira participação do Alviverde em competições regionais: 1915
Já na primeira edição da competição no Paraná, era possível identificar o custeio de algumas despesas de alguns atletas por parte do Coxa. É o caso do atacante Max Friedrich. A informação foi encontrada no primeiro livro caixa do Alviverde, documento este localizado por integrantes da Comissão de Preservação da Memória e da História do Coritiba Foot Ball Club no Acervo Histórico do Cori.

Para a imprensa da época, Max Freederisch era dito como um “excelente center foward do Coritiba” (A Republica, Ano 1915\Edição 00186, 11/08/1915).
Cori trouxe jogadores vindo de São Paulo para jogar em Curitiba: Carlos Hantschik foi um deles
Também durante a temporada de 1915 já era possível identificar a presença de um atleta que já atuava no futebol antes mesmo da fundação Coxa-Branca: o goleiro Carlos Hantschik, que jogava no futebol paulista já em 1904, no Germânia, um time fundado por alemães, em São Paulo, no ano de 1899.

Inclusive, o goleiro teve experiencias inter-regionais, em jogos contra times cariocas em terras paulistas. Isto foi em 1909, ano de fundação do Verdão.

Curiosamente, aquele time do Germania fora convidado para jogar em Curitiba, contra o Coritiba, em 1910. Entretanto, o alto custo para o Coritiba trazer a delegação de São Paulo a Curitiba inviabilizou a realização do jogo (“A Vida do Coritiba Foot Ball Club e o Desporto Paranaense”, de Francisco Genaro Cardoso [que não chegou a ser] editado pelo Departamento de Publicida[de] o Club, 1944).
Em São Paulo, pelo próprio Germania, Carlos Hantschik viria a jogar com outro importante jogador que vestiria a camisa do Coxa em 1916: Ricardo Thiele, que fora capitão do Germânia [o time foi campeão paulista em 1906 e 1915]. Thiele era um atleta experiente, que fundara outro time paulistano, o Ypiranga, e participara de inúmeros jogos importantes.

Hantschik foi jogador do primeiro time do Coritiba em 1915, junto com Thiele. Em 19/09/1915 o Cori enfrentou o América, sendo chamado de “o verde-branco-preto”. Aquele 1º time formaria com: Handschik; Carlos e Wenceslau; Muller, Thiele e Natalio; Alberto, Fritz, Max Curt, Ricardo. (Diário da Tarde, Ano 1915\Edição 05199, 18/09/1915).
Jogador e diretor do Verdão: Ricardo Thiele
Por sua vez, além de jogar pelo time Coxa, Thiele também era dirigente do Clube. Ofício datado de 25/10/1915, assinado por R[oberto]. Naujocks, secretário do “Coritba F. B. Club” anunciava a eleição da diretoria para o biênio 1915 e 1916 com João Seilier como presidente honorário. Presidente: Constante Fruet; Vice-presidente: Alberto Graser; 1º Secretario: Roberto E. Naujoks; 2º Secretario: Natalio Santos; 1º Thesoureiro: Henrique Roskamp; 2º Thesoureiro: Manoel Roscamp; Capitain Geral: Fritz Essenfelder; Diretor Esportivo: Ricardo Thiele (A Republica, Ano 1929\Edição 00250, 27/10/1915).
O elenco Coxa-Branca em 1916
Em 1916, pela primeira vez o time Coxa se tornaria Campeão Paranaense. Era a segunda edição da competição e o Cori ficou com a taça. Segundo “A Vida do Coritiba Foot Ball Club e o Desporto Paranaense”, de Francisco Genaro Cardoso [que não chegou a ser publicado] editado pelo Departamento de Publicidade do Clube, de 1944, o elenco coritibano era composto por:
- Goleiros: Eugênio Cornelsen (Kaiser) e Carlos Handschick;
- Zagueiros: Carlos Glaser, Luiz Meneghetti e Egon Roskamp.
- Médios: Carlos Ritzmann, Ricardo Thiele, Jacob Hey, Oscar Sebrão e Natálio Santos.
- Atacantes: Adolpho Naujoks, Frederico Essenfelder (Fritz), Francisco Bermudes (Maxambomba), Kurt Friedrich, Aguello Cabral, Wenceslau Glaser e Max Kopp.

De acordo com a pesquisa elaborada por Celso Luiz Moletta Junior, em “Futebol e formação do espaço público no contexto da fundação do Coritiba Football Club (Curitiba, 1900-1915)” havia outras informações complementares. Conforme a dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em História, Curso de Pós-Graduação em História, Setor de Ciências Humanas, Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, no ano de 2009.
Aquela pesquisa ressalta que os “Jogadores inscritos pelo Coritiba no Campeonato de 1916: o goleiro Eugenio Cornelsen (Kaiser); os zagueiros: Carlos Glaser, Luiz Meneghetti e Egon Roskamp; os médios: Carlos Ritzmann, Ricardo Thiele, Jacob Hey, Oscar Sebrão e Natálio Santos; e os atacantes: José Bermudes, Kurt Friedrich, Agnello Cabral, Wenceslau Glaser e Max Koop”.
Uma fase de transição entre amadorismo e profissionalismo no futebol brasileiro
Algumas curiosidades despertam a atenção naquela temporada de 1916. Uma delas, a maior presença daquilo que é denominado “profissionalismo marrom”, algo como uma etapa transitória entre as fases amadora e profissional do futebol. Segundo alguns historiadores, trata-se de um período, no Brasil, durou até meados dos anos 30 do Século XX.
Nos primeiros momentos do futebol, o esporte era uma prática eminentemente amadora, praticada entre sócios dos clubes brasileiros. Mas, gradativamente, com a maior organização das competições oficiais, os times começaram a trazer atletas de outras origens. Além disso, de custear algumas despesas de tais jogadores.
“Ainda que estes novos indícios da presença de pagamento de benefícios a alguns jogadores (Maxambomba e Ricardo Thiele), bem como a de um atleta de traços mulatos (Natálio Santos), seria prematuro afirmar categoricamente que neste momento já existia uma condição de semiprofissionalismo no futebol paranaense”, diz Moletta em sua pesquisa.
Curiosidades sobre o primeiro time Campeão do Coritiba
O time Coxa-Branca tinha dois goleiros. Além de Hantschik, aqui em Curitiba chamado por Handschik, havia Eugênio Cornelsen, o Kaiser.

Nesse sentido, no livro caixa número 1 do Coritiba, há um lançamento, em maio de 1916, de um crédito decorrente de uma passagem de Curitiba a Palmeira, onde Kaiser foi jogar como goleiro do segundo time do Alviverde.
Nesse interim entre os jogos oficiais do campeonato regional, do mesmo modo o Verdão realizou uma partida amistosa, em 13/02/1916. Isso porque o Reco Reco organizou uma festa desportiva no Prado. Principalmente, destaca-se entre as atividades daquele festival desportivo, a ocorrência de um jogo entre Coritiba x América. As informações publicadas em três jornais da época, sobre o time Coxa-Branca e o placar da partida, são desencontradas.
Entretanto, há um registro fotográfico encontrado no Acervo do Clube, que identifica os atletas coritibanos e, também, o placar da partida: 3×1 para o Coritiba:

Outra curiosidade sobre o elenco Coxa de 1916: Natálio Santos
Uma outra curiosidade sobre o elenco do Coxa de 1916 era a presença de Natálio Santos. Além de eleito à diretoria do Cori para o biênio 1915 e 1916 (A Republica, Ano 1929\Edição 00250, 27/10/1915), por vezes Natálio também vestiria a camisa do Alviverde naquele ano.

Entretanto, Natálio Santos foi dirigente do Cori antes e, da mesma forma, depois da temporada de 1916. Em 30/09/1914, o Coritiba Foot Ball Club elegeu e empossou sua nova diretoria para o restante de 1914 e todo o ano de 1915. Aquela diretoria contava com Frederico Essenfelder (presidente); Adolpho Traube (vice-presidetne); Ernesto Godoy (1º sercretário); Joaquim Lobo (2º secretário); Alfredo Muller (1º tesoureiro); Nathalio Santos (2º tesoureiro); Henrique Roskamp (diretor esportivo); Adolpho Neujoks (capitão) (A Republica, Ano 1914\Edição 00261, 06/11/1914). Além disso, Natálio esteve na comissão de contas da diretoria alviverde durante o biênio 1918 e 1919 (A Republica, Ano 1918 Edição 00248,17/10/1918).

Em sua pesquisa, Celso Moletta traz à tona que na foto do jogo entre o Coritiba e o América, em 1916, “o jogador Natálio dos Santos, em destaque – um atleta de características mestiças (cor da pele e cabelo)”.

Na sequência, o historiador complementa que, da mesma maneira, “Se, até o momento, o Coritiba poderia ser tratado como um clube elitista, a presença de um mestiço entre seus jogadores quebraria tal paradigma, ou acentuava ainda mais a presença de alguns casos de pagamento de benefícios e a participação de pessoas que não atendiam ao requisito de pertencer a camadas sociais mais elitizadas, chamado profissionalismo marrom no clube”.
O “mulato” Arthurzinho, um dos Campeões Paranaenses de 1916
Em 1916, o time do Coritiba contava com um atleta “mulato”. Era Arthurzinho. “Em 1916, o Coritiba escalou o mulato Arthur Gomes Vidal, conhecido como Arthurzinho”, como destaca o historiados Jhonatan Uewerton Souza, em sua dissertação “O jogo das tensões: clubes de imigrantes italianos no processo de popularização do futebol em Curitiba (1914-1933)”.

A pesquisa dos Helênicos destaca que, em sua carreira no Coxa, Arthur Gomes Vidal, o Arthurzinho, estreou pelo time do Alto da Glória em 1916, onde jogou até 1925. Arthurzinho era centroavante e, em 44 partidas, marcou 34 gols.
Entre os mais importantes jogos do Coxa na sua história, Arthurzinho registrou presença. Foi na vitória de 1×0 sobre o selecionado paulista, em 1921.

Diretoria do Alviverde propôs o tombamento do Acervo do Coritiba
Em 21/08/2025, a diretoria do time Coxa-Branca formalizou o pedido de tombamento do Acervo do Clube, de forma a dar melhores condições de guarda, tanto quanto ampliar o acesso público aos itens. O pedido foi realizado por meio do Processo Administrativo Eletrônico nº 01-212074/2025, que será analisado e deliberado junto ao Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Curitiba (CMPC).
Em Curitiba, existe uma legislação local específica para o tombamento de itens de relevância histórica para o Município. Esse é um tema regulamentado pelo Decreto nº 360, de 29/03/2019. A referida legislação conceitua o que é o Tombamento: “ato administrativo que declara a singularidade e excepcionalidade de um bem considerado individualmente ou em conjunto, seja móvel ou imóvel, público ou privado, pertencente à pessoa física ou jurídica”.
Além disso, essa ação está relacionada “em razão do seu valor cultural, histórico, paisagístico, científico, artístico, turístico, arquitetônico ou ambiental, com instituição de um regime jurídico especial de propriedade como forma a garantir sua preservação e conservação”.
As pesquisas continuam e mais pessoas podem doar cópias digitais de seus acervos para o Coritiba
As pesquisas sobre a história do Coxa seguem com os trabalhos da Comissão de Preservação da Memória e da História do Coritiba Foot Ball Club. Primordialmente, quando o assunto são os fundadores do Verdão, a pesquisa é realizada conjuntamente com o grupo de historiadores Helênicos, estudiosos da história coritibana.
Da mesma forma, atividades vêm sendo realizadas pelo grupo de pesquisa e extensão a partir do núcleo de ciências jurídicas. Entretanto, este grupo recebe alunos de outras áreas da UFPR.
Por se tratar de uma pesquisa de grande amplitude e dificuldades no acesso de fontes primárias, atualizações dos bancos de dados são sempre bem-vindas e recomendadas, de forma aprimorar a metodologia de trabalhos.
Logo, é importante destacar que eventuais imprecisões podem ocorrer, sendo um problema da pesquisa. Por isso mesmo é tão importante que se disponibilizem novas fontes documentais.
Portanto, familiares dos fundadores do Coritiba Foot Ball Club que tenham interesse em doar cópias digitais de itens relacionados aos fundadores podem entrar em contato com a direção do Clube clicando aqui.
Verdão tem uma parceria técnica com a UFPR para melhor cuidar da história do Clube
Em uma parceria entre o Coritiba e a UFPR, o acervo histórico do Verdão também é cuidado por acadêmicos de graduação, bem como de pós-graduação. Nesse sentido, são pessoas com interesse em pesquisar mais a história do Clube e sua relação direta com a cidade de Curitiba.
O grupo de pesquisa e extensão foi formado a partir do núcleo do Setor de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Paraná. O grupo conta com alunas e alunos também de outras áreas da UFPR, como da História, Ciências Sociais e Educação Física. A equipe iniciou os trabalhos acadêmicos no acervo histórico do Coxa em 02/07/2025.
O professor Luís Fernando Lopes Pereira é o líder do grupo de pesquisa. Ele conta com a colaboração de outro docente da Universidade, o professor de Sociologia na Faculdade de Direito, Rodrigo Horochowski, que também acompanha as atividades de pesquisa científica do grupo. Entre os achados do grupo, borderôs e relatórios financeiros de todos os jogos do Coritiba no Torneio do Povo.
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As principais responsabilidades da diretoria do Coritiba Foot Ball Club, como Associação, estão vinculadas à fiscalização do contrato de compra e venda da SAF. Nesse sentido, são obrigações diretivas:
– Principalmente, acompanhar o cumprimento do pagamento das dívidas, em especial das parcelas da recuperação judicial da Associação;
– Da mesma forma, o cumprimento dos aportes financeiros anuais na gestão do Clube (futebol e atividades de apoio);
– Além disso, a gestão patrimonial. Inclusive quanto a manutenção e investimentos no CT Bayard Osna, no novo CT, tanto quanto no Estádio Major Antônio Couto Pereira;
– Bem como, os cuidados com a preservação histórica.
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Se você encontrou algum erro nesta matéria, por favor, entre em contato. Além disso, o Coritiba Foot Ball Club preza pelos créditos merecidos, então nos avise sobre eles